“Temos dois ouvidos e uma boca, para ouvir mais e falar menos”, já dizia o ditado. E hoje em dia, em um mundo em que as maneiras para nos expressarmos só aumentam (redes sociais, aplicativos de mensagens, entre outros), parece que a habilidade de escutar a nós mesmos e os outros é inexistente.
É difícil escutar. Ouvir é muito fácil, ouvimos tudo, mas raramente escutamos, com atenção, com a intenção de realmente deixar o outro se expressar. Nem sempre temos paciência. Queremos ser um ombro amigo, mas muitas vezes a negatividade de um desabafo nos afeta, e não queremos carregar os fardos dos outros. Complicado cessar nossa linha de pensamento, quando outro também quer se expressar e contribuir em uma ideia sendo construída. Estamos desesperados para que as pessoas nos escutam, mas não sabemos escutar.
O estudioso da comunicação, Julian Treasure, em suas palestras para o TED, defende que estamos perdendo nossa capacidade de escutar. Estamos rodeados de sons, música, conversas, ruídos, e acabamos não mais prestando atenção ao silêncio. De acordo com Treasure, a perda da capacidade de escutar é um problema sério, pois é escutando que temos acesso à compreensão. E comunicação sem compreensão tornará o nosso mundo em um lugar muito mais assustador que ele já é (guerras, conflitos, violência, falta de harmonia, entre outros).
Escutar é uma habilidade milenar, praticada por anos. É preciso treino. É mais fácil falar, nos expressarmos, do que sentar e escutar o outro expressar-se. Porém, precisamos nos dedicar à arte da escuta. Precisamos prestar atenção ao próximo. Não só ouvir para responder, mas sim escutar
Escutar, porém, não quer dizer calar-se, não responder, não falar nada. Escutar é compreender o próximo, avaliar o que está sendo dito e dar uma opinião. Oscar Wilde uma vez disse: “Se soubéssemos quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo”.